Hoje, eu , que tanto odeio esse lugar em que moro, que tanto desejei ou desejo, não tenho mais tanta certeza, me mudar daqui, hoje me deu uma imensa vontade de chorar quando eu passei pelo ônibus e percebi que essa cidade feia e fedorenta foi que acolheu tantas coisas boas que eu passei, tantas fugidas e tantos amigos, tantas risadas, lanches, horas perdidas, chuvas, palavras.. palavras de amizade de amor, a ilusão de que tudo é eterno.
Naquele tempo ninguem pensava em que tudo iria se tornar. Todo mundo pensava que mesmo em escolas diferentes a amizade continua a mesma, bobagem! Nada é a mesma coisa.
Tô aprendendo a guardar coisas, a não confiar em ninguém, a não perder tempo falando e não sei se isso é bom. Cada dia que passa eu não me reconheço mais como aquela garota de dois ou três anos atras...
Eu acho que só vou conseguir me perdoar por ter estragado tudo quando eu já estiver estabilizada denovo, é, por mais que eu finja, por mais que eu tente eu ainda não me recuperei do baque de ficar só; de perder todos os amigos da noite pro dia, de logo depois ter que mudar de colégio e refazer tudo.
Hoje eu tava olhando pela janela do ônibus e ví a padaria. Aquela padaria que quando eu largava da escola eu ia beber coca cola até quase estourar e comer qualquer coisa, nada que fosse tão importante como as risadas, as milhões delas que eu nunca vou esquecer. Mas as amigas se foram, separadas pelo destino, aí me deu uma saudade tão grande, uma lembrança sempre vai puchando outra e eu tava quase chorando, com um aperto no peito. Não adianta nem ficar lembrando, bons momentos não voltam, porque eles nunca se vão, estão sempre dentro de cada um.
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