terça-feira, 23 de novembro de 2010

Metade

- E quando é o teu aniversário?
- A metade do teu.
Não era só a data do nascimento dele que era metade. Tudo dele era metade.
Ele só sentia metade do amor que eu sentia,só a metade da dor que eu sentia.
Sempre metade. Até o dia que eu cansei de só ter metade dele e nada de mim.
Até o dia que eu não aguentei mais viver de meias verdades, de contar quase
mentiras. Percebi que não precisava me contentar com um coração partido.
Mas ele só me deu a metade, eu dei um inteiro pra ele. Não foi justo, não é.
Agora eu vivo sem a metade dele e sem o meu inteiro, não sobrou nada.
Eu tento. Tento inventar outras metades para poder dividir com alguem,
mas não posso sustentar por muito tempo um meio coração inventado.
Desde a metade dele, só tenho pego as metades dos outros sem nunca
dar nada de mim. Vou crescendo e recuperando o que perdi.
mas por mais que eu cresça dos outros sinto falta de mim.
E quanto mais eu tenho deles, menos eu tenho de mim.
Vou ficando, cada dia, menor, menor, menor..
E se um dia eu sumir completamente?
Se eu sumir como uma vela derrete?
Ainda teria um pedaço de mim
com você, mas você nem sabe.
Você nunca soube.
e eu diminuo..
diminuo..
menor..
fim.

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